AUTOCUIDADO PARA E COM O SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL, BLUMENAU/SC1 SELF-CARE FOR AND WITH THE MUNICIPAL PUBLIC SERVANT, BLUMENAU/SC
Este trabalho apresenta a proposta desenvolvida em parceria com o Setor de Capacitação da Secretaria Municipal de Administração/ SEDEAD, envolvendo Práticas Integrativas vinculadas a Medicina Tradicional Chinesa. Tem por objetivo promover o auto cuidado ao servidor público, buscando amenizar os agravos físicos e psíquicos advindos do contexto pandêmico. Atualmente as atividades têm seguimento das suas atividades, com foco ampliado na minimização dos adoecimentos ocasionados pelos excessos e instabilidades existentes nos diversos ambientes de trabalho dos servidores públicos municipais. O projeto acontece em parceria com o setor da SEDEAD (Secretaria Municipal de Administração), na Prefeitura de Blumenau, SC apresentando no rol de oficinas ofertadas às práticas de Tai Chi Chuan, Chi Kung, Meditação e Automassagem. Além da aplicação da prática em si, são abordados aspectos teóricos que as embasam e os benefícios terapêuticos, por se entender que assim a auto aplicação alcançará um resultado mais eficiente e eficaz. São disponibilizados indicação de materiais didáticos de suporte e orientação. Até 2022 foram realizadas 20 oficinas, com a participação de 250 servidores. Da proposta em efetividade se ressaltam aspectos a parceria intersetorialidade: Capacitação do Servidor (SEDEAD), Escola Técnica do Sistema Único de Saúde (ETSUS) e Associação dos Servidores Públicos de Blumenau (ASPMB). Também o ‘espaço’ disponibilizado (em tempo e local – escuta e relato) ao servidor público para seu cuidado e autocuidado. Os relatos partilhados pelos participantes de suas experiências e feedbacks durante e após as oficinas trazendo aspectos subjetivos, particulares de suas vidas. Através desses relatos se evidenciaram alguns dos principais problemas vividos por eles: ansiedade, estresse elevado; insônia; dores tensionais; conflitos nas relações sociais no ambiente de trabalho; ambiência profissional desfavorável; reflexos psicossomáticos. Como resultado desse trabalho se ressalta: aceitabilidade favorável das técnicas propostas para autocuidado; atitudes pró-ativa dos servidores para com suas condições de saúde (percepção de sua presença e condições); satisfação em relação ao espaço de cuidado direto para e com o servidor; ausência de efeitos colaterais; promoção na integração entre os servidores de diversos serviços; promoção de saúde e baixo custo de investimento.
This paper presents the proposal developed in partnership with the Training Sector of the Municipal Administration Secretariat/SEDEAD, involving Integrative Practices linked to Traditional Chinese Medicine. It aims to promote self-care to public servants, seeking to alleviate the physical and psychological harm arising from the pandemic context. Currently, activities continue with their activities, with an increased focus on minimizing illnesses caused by excesses and instabilities existing in the various work environments of municipal public servants. The project takes place in partnership with the sector of SEDEAD (Municipal Administration Secretariat), in the City Hall of Blumenau, SC, presenting in the list of workshops offered the practices of Tai Chi Chuan, Chi Kung, Meditation and Self-massage. In addition to the application of the practice itself, theoretical aspects that support it and the therapeutic benefits are addressed, as it is understood that self-application will achieve a more efficient and effective result. Indication of didactic support and guidance materials are available. Until 2022, 20 workshops were held, with the participation of 250 civil servants. From the proposal on effectiveness, aspects of the intersectoral partnership stand out: Server Training (SEDEAD), Technical School of the Unified Health System (ETSUS) and the Association of Public Servants of Blumenau (ASPMB). Also the ‘space’ made available (in time and place – listening and reporting) to public servants for their care and self-care. The reports shared by the participants of their experiences and feedbacks during and after the workshops bring subjective aspects, particular to their lives. Through these reports, some of the main problems experienced by them became evident: anxiety, high stress; insomnia; tension pains; conflicts in social relations in the work environment; unfavorable professional environment; psychosomatic reflexes. As a result of this work, the following stand out: favorable acceptability of the proposed techniques for self-care; servers’ proactive attitudes towards their health conditions (perception of their presence and conditions); satisfaction regarding the direct care space for and with the server; absence of side effects; promoting the integration between the servers of different services; health promotion and low investment cost.
Keywords: Occupational health – self-care – integrative practices – Traditional Chinese Medicine – Mental Health
INTRODUÇÃO
A Pandemia ocasionada pelo SARS-COV2 não poupou quaisquer contextos existente no mundo, do individual ao coletivo; do particular ao social, tudo e todos sofreram com algum tipo de consequência e ou reação, não ficando indiferentes as condições da saúde mental dos indivíduos. Medidas de segurança e de controle da propagação do vírus foram instituídas abruptamente dado a configuração de urgência do contexto da época, entre as quais: o distanciamento social, chegando a situações de isolamento, resultando em consequências psicoemocionais decorrentes da privação social e confinamento. O desconhecimento revelou fragilidades na capacidade de um ser humano que se considerava evoluído e avançado na sua existência, trazendo a tona uma realidade e sensação de instabilidades e impermanência. Este artigo reflete sobre ações de cuidado realizadas com servidores públicos dos mais diversos setores envolvendo as práticas integrativas no decorrer do auge da Pandemia (2020) até os dias atuais.
Os fatos ocorridos durante a pandemia tornaram todos os indivíduos, mesmos os mais saudáveis, susceptíveis ao desencadeamento de oscilações psicoemocionais como medo (temor/pânico), ansiedade e depressão; aliados a quadros clínicos de agravamento físicos (hipertensão, dores crônicas, cardiopatias são alguns exemplos). Também como intensificaram quadros já existentes de desestabilidades psíquicas nas pessoas em condições previamente abaladas e pré-existentes. Observou-se uma crescente fragilidade na saúde mental as pessoas durante a Pandemia, com agravantes intensos para o universo das relações humanas considerando fatos como o distanciamento e isolamento social e, ao mesmo tempo um aumento na intolerância e resiliência dos convívios intrafamiliares em função do “confinamento forçado” e também do ‘rompimentos’ abruptos dos cotidianos de vida. Ou seja, mesmo com o apontamento da evolução tecnológica existente na humanidade, a sociedade vinha apresentando evidencias de precariedade em sua saúde mental; estudos denunciando crescentes ocorrências de situações de violência nas famílias, escolas, trabalhos, aumento do número de suicídio, bullying e o excessivo uso de medicamentos psicotrópicos em idades cada vez mais precoces (BOFF, 2007).
Muitos estudiosos e teóricos do desenvolvimento humano já comprovaram e discutiram a importância das relações/relacionamentos para o aprendizado da autogestão emocional, bem como corroboram na resolução de conflitos entre grupos, levando inclusive a uma nova significância da convivência. A mediação que acontece na convivência humana colabora para o autoconhecimento conduzindo a expansão da consciência e levando o ser humano a se perguntar sobre si mesmo; qual é o seu papel e a sua importância; qual sua atuação; as suas responsabilidades consigo e com o ecossistema no qual ele se encontra. Uma identificação de suas próprias necessidades de cuidado e de como reflete no todo, favorecem o emergir de uma visão holística das interações humanas e, consequentemente amplificam os sentimentos empáticos entre os seres. Todavia, este elemento de aprendizado – relações/relacionamentos – recebeu intensamente consequências negativas e onerosas no período pandêmico.
O contexto onde se desenvolveu esse trabalho nos permitiu refletir sobre as relações/relacionamentos de cuidado com o sujeito, com os coletivos que se formam e onde esse sujeito participa e também a maneira como esse sujeito percebe e organiza seu autocuidado a partir do mundo do trabalho. O ambiente, local onde convivem os trabalhadores é um contexto recheado dos elementos mencionados: relações humanas, mediações humanas, sentimentos, emoções, oscilações, necessidades, expectativas, conquistas, sucessos, frustrações, conflitos e adoecimentos. Daí uma das referencias para essa discussão ser a concepção de Saúde do Trabalhador como um campo da saúde coletiva que engloba um conjunto de ações em saúde nas perspectivas da promoção, prevenção e recuperação da saúde dos trabalhadores/as, visando a atenção integral e o desenvolvimento de um olhar ampliado para os riscos e agravos advindos das condições de trabalho. Neste campo de estudo, o trabalho pode ser considerado como eixo organizador da vida social, determinante de condições de vida e saúde das pessoas. Em outras palavras, os contextos do mundo do trabalho fazem parte da dimensão humana do existir; estando assim submetido às consequências das intempéries de agravos psicoemocionais como quaisquer outros contextos.
O trabalho pode gerar sofrimento ao trabalhador dependendo da forma que é vivido, manifestando-se na forma de estresse, caracterizado pela readaptação do organismo a um agente que está causando algum desequilíbrio. Como consequência das crises o trabalhador pode ausentar-se do trabalho, sentir cansaço excessivo, dificuldade de concentração, pode ser oneroso executar tarefas e suas relações interpessoais podem ser afetadas. Segundo Selye (1965) o estresse nada mais é do que um estado de alteração orgânica em resposta a qualquer sobrecarga dos recursos do corpo. Ele também descreve a síndrome de adaptação geral, que é a reação adaptativa do corpo quando submetido a agentes estressores (Dantas Sousa, et al.,2022). Em 2007, A OMS aprovou o PLANO DE AÇÃO GLOBAL – SAUDE DOS TRABALHADORES para estimular ações como implantação de políticas públicas, serviços de atendimento, divulgações e promoções de pesquisas e estudos que promovam benefícios e cuidados aos trabalhadores.
Buscamos conhecer no escopo das politicas públicas brasileiras ações que possam corroborar com a diretriz da OMS aos cuidados dos trabalhadores encontramos a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora – PNTT – (Portaria GM/MS n° 1.823/ 2012) “define princípios diretrizes e as estratégias nas três esferas de gestão do SUS – federal, estadual e municipal, para o desenvolvimento das ações de atenção integral à Saúde do Trabalhador, com ênfase na vigilância, visando a promoção e a proteção da saúde dos trabalhadores e a redução da morbimortalidade decorrente dos modelos de desenvolvimento e dos processos produtivos. A saúde do trabalhador no SUS ocorre a partir da articulação de ações individuais de assistência e de recuperação dos agravos, com ações coletivas, de promoção, de prevenção, de vigilância dos ambientes, processos e atividades de trabalho, e de intervenção sobre os fatores determinantes da saúde dos trabalhadores; ações de planejamento e avaliação com as práticas de saúde; o conhecimento técnico e os saberes dos trabalhadores. (Saude do trabalhador, 2022). A PNH (Política Nacional de Humanização), PNAB (Política Nacional Atenção Básica) e a PNPICS (Política Nacional Praticas Integrativas e Complementares em Saúde). De modo geral, as diretrizes dessas três politicas nacionais trazem em seu conteúdo aspectos que enfatizam a acessibilidade universal e equânime a atendimentos de saúde de forma humanizada (PNH); que os atendimentos sejam prestados mais próximos possível do usuário, sendo resolutivo e efetivo em suas necessidades mais básicas e imediatas, com objetivo de prevenir agravos (PNAB). Que a pessoa seja acolhida e atendida integralmente em suas demandas, usufruindo de serviços e tratamentos que respeitem suas singularidades e integralidade (PNAB e PNPICS).
Para efeito de nosso estudo focamos na adoção de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), no âmbito do SUS como uma das estratégias disponibilizadas para realizar um olhar integral e integrado ao sujeito trabalhador/servidor público. Considerando-se PICS todos os sistemas médicos complexos e recursos terapêuticos, originários das medicinas tradicionais ou recursos terapêuticos e complementares em saúde (PNPICS, ). A inclusão e disseminação das PICS no rol das práticas de saúde desenvolvidas no SUS atende ao preceito de fortalecimento da APS, tendo como fundamento o cuidado continuado, humanizado e integral. Verifica-se sua contribuição para o aumento da resolubilidade do cuidado e para o estímulo à participação e controle social no SUS. As PICs podem ser ferramentas para promover saúde, pois ressignificam o processo saúde-doença e propõem maior empoderamento do usuário. Outros estudos também apontam as PICs como práticas promotoras de saúde com uma postura mais abrangente, que vai além dos procedimentos médicos comuns, pois ultrapassa os aspectos físicos e considera as questões sociais, culturais e emocionais nas dimensões física, psíquica e espiritual do ser humano, o que abre espaço para uma perspectiva multidisciplinar e um cuidado mais integral do ser humano, em sua condição individual e em sua inserção no coletivo. Neste escopo de definições e conceitos identificamos as ações com práticas integrativas em saúde (PICS) como estratégias em potencial para estimular o autocuidado tanto em âmbito individual como coletivo, atuando como ação de promoção, prevenção e ou recuperação na saúde integral (BOLETIM DE EVIDENCIAS, OBSERVAPICS, 2022).
Outro conceito trazido para essas considerações é o de cuidado e autocuidado por se considerar que o conhecimento que o individuo adquire sobre si mesmo tende a despertar a consciência da necessidade de seus cuidados, como também dos cuidados para com os outros. Desta maneira, tomamos o conceito de ‘cuidado’ oriundo do latim que significa ‘reflexão’, ‘pensamento’ associado ao de Dorothea Orem (1958) exploramos o autocuidado como uma prática que exige um posicionamento pró-ativo3 da pessoa, ou seja, uma tomada de decisões diante de suas próprias necessidades a fim de manter a vida, a saúde e o bem estar considerando oito (08) requisitos tidos como universais: o ar, a água, a alimentação adequada, atividade física e descanso, solidão e interação social, a prevenção de risco e promoção da atividade humana (Silva et ali., 2009). Lima (2017) reforça que o autocuidado é entendido como um conjunto de ações que o individuo realiza por si mesmo para manter e/ou recuperar a qualidade de vida, com implementação de iniciativas para evitar problemas de saúde e buscar um estilo de vida mais saudável.
MÉTODO E ANÁLISE
Observando as condições desgastantes físicas e psíquicas que colegas servidores vinham trabalhando durante a Pandemia 2020, com base na própria experiência empírica dos benefícios que advêm das práticas integrativas da Medicina Tradicional Chinesa, em estudos realizados e em uma prática de 15 anos na Atenção Básica/SUS com a comunidade, a autora desse artigo elaborou e propôs a Gerência de Capacitação da SEDEAD/Prefeitura Municipal de Blumenau oficinas com a prática integrativa MEDITAÇÃO aos servidores municipais. Assim, de agosto de 2020 a dezembro de 2020, se realizaram 06 oficinas de Meditação, em modo virtual (aplicativo do Googlemeet) com média de 20 participantes. A partir de fevereiro de 2021 as oficinas se mantiveram em modo virtual com MEDITAÇÃO e AUTOMASSAGEM. De setembro de 2021 a novembro de 2022 as oficinas passaram a ser presenciais e incluíram práticas de MEDITAÇÃO, AUTOMASSAGEM, TAI CHI CHUAN E CHI KUNG/QI GONG. Os encontros aconteceram na ETSUS (Escola Técnica de Saúde) e na ASPMB (Associação dos Servidores Públicos do Município de Blumenau). A ASPMB chegou como opção diferenciada, permitindo a realização das oficinas em espaço aberto, em meio a natureza, um dos aspectos avaliados como favoráveis às oficinas ofertadas. As inscrições e divulgações ficaram ao encargo da Gerência de Capacitação da SEDEAD através do site da Prefeitura Municipal e da mala direta (e-mails) dos servidores. Como também as avaliações, que foram realizadas através do Googleforms, por formulário específico da própria gerência de Capacitação com tópicos sobre: experiência com uso da internet, pontualidade, conteúdo ministrado, cordialidade do palestrante e sugestões de temáticas. Cada oficina teve a duração de 04h e foram ofertadas em ambos os períodos: matutino e vespertino; em datas alternadas. Realizava-se a vivência da prática integrada aos seus referenciais teóricos. Também foram repassados e indicados materiais com o conteúdo ministrado constando vídeos, apostila, artigos e livros.
3 Grifo pessoal desta autora com intuito de enfatizar a expressão: pró-ativo.
DADOS COLETADOS.
Observou-se entre os participantes o predomínio do gênero feminino, sendo 197 participantes deste e 37 do masculino. Dos participantes por setores se registrou 17 setores, respectivamente com número de participantes: SAÚDE (111) – EDUCAÇÃO (74) – ASSISTENCIA SOCIAL (26) – ADMINISTRAÇÃO (12) – PLANEJAMENTO e SISTEMA DE AGUAS (07) – SEGURANÇA E GESTÃO e PROCURADORIA JURIDICA (05) – MEIO AMBIENTE, FAZENDA, TRANSPORTE, TURISMO, PLANEJAMENTO URBANO, DESENVOLVIMENTO E ECONOMIA, MOBILIDADE, VIGILANCIAS SANITÁRIA E EPIDEMIOLOGICA (DE 03 a 01).
Registraram-se como principais problemas relatados durante as oficinas: ansiedade, estresse elevado; insônia; dores tensionais; relações sociais no ambiente de trabalho; ambiência desfavorável (ambiente físico e psicossocial). Quanto às oficinas realizadas de agosto de 2020 até dezembro de 2022:
08 de MEDITAÇÃO - 04 de AUTOMASSAGEM - 02 de CHI KUNG/QI GONG - 02 de TAI CHI CHUAN
Aos registros constantes nas avaliações se aplicou uma analise metodológica qualitativa resultando na seguinte categorização a partir de três eixos:
1. METODOLOGIA APLICADA: inexperiência no uso da internet; prática bem adaptada a modalidade virtual; prática, objetiva e com linguagem acessível;
2. CONTEUDO MINISTRADO:conhecimentos e ações viáveis de serem praticados no cotidiano; práticas pertinentes ao cuidado da saúde mental e física;adequada integração da teoria com a prática; conhecimentos práticos, instrutivos e relaxantes;
3. APLICABILIDADE PARA O AUTOCUIDADO DO SERVIDOR PÚBLICO: conhecimentos e ações viáveis de serem praticados no cotidiano; conhecimentos práticos para toda uma vida; necessidade de continuidade para desenvolver a prática e aprofundar o conhecimento; momento específico de cuidado com a saúde do trabalhador.
A categorização por eixos e, subsequentemente, locação de subtemas a seus respectivos eixos podem ser consideradas como indicativos de estudos e pesquisas futuras corroborando para o aprofundamento de conhecimentos em assuntos pautados como a saúde do trabalhador – o autocuidado – as práticas integrativas como estratégias eficazes na promoção em saúde e prevenção de agravos. Continuando a análise, observa-se que os eixos resultantes abrangem aspectos ampliados da oficina ofertada; enquanto os subtemas de cada eixo apontam para particularidades que caracterizam a acessibilidade, compreensão e aplicabilidade das práticas no cotidiano do participante. Também se ressalta que é possível observar no inicio das oficinas certo nível de agitação motora e mental por parte dos participantes, o qual se dissipa no decorrer do encontro e se confirma ao final dos trabalhos com feedbacks orais que manifestam relaxamento, melhor concentração e sensação de alegria e satisfação pelo momento vivido através da prática. Alguns relatam se surpreenderem com o desempenho de si mesmo na execução e coordenação dos movimentos, condição de concentração e sensação de relaxamento. Outro aspecto que merece atenção se refere a diversidade que compõe o grupo e, ao mesmo tempo, a identificação de pontos comuns que os caracterizam. Através dos relatos emergem conhecimento, informação e identificação entre os participantes de uma mesma instituição (prefeitura) que, em sua maioria, não têm oportunidade dessa convivência comum. Abrem espaços para discussões, socialização e quebra de paradigmas, evidenciando a existência de uma coletividade. Os relatos também demonstram mudança quanto ao nível de informação e compreensão a respeito das práticas apresentadas, sendo muitas vezes, desmistificados conceitos e compreensões equivocadas e limitantes a respeito.
Os resultados apontados corroboraram com estudos e pesquisas já realizados envolvendo as práticas integrativas da Medicina Tradicional Chinesa corporal e mental, no caso: Tai chi Chuan, Chi Kung, Automassagem e Meditação, como ferramentas efetivas e eficazes de intervenção na saúde para redução de efeitos patológicos danosos (ex.: estresse, ansiedade, depressão, fobias, dores crônicas) e também para transformações de condutas particulares e sociais em função do aprimoramento do equilíbrio e harmonia dos aspectos da vida humana: físico, psíquico, emocional, cognitivo, social e espiritual. Pessoas se apropriaram de conhecimentos e informações para o quê melhor fazer para seus cuidados, seja a partir do adoecimento, seja para sua recuperação, seja para prevenção e ou promoção das suas condições de saúde. Observou-se aceitação geral a proposta inicial da intervenção com as PICS seja na consulta individual, seja na intervenção em grupos.
É possível considerar que os resultados favoráveis alcançados com a implementação das oficinas com Práticas Integrativas oferecendo o Tai chi Chuan, Chi Kung, Automassagem e Meditação junto aos servidores públicos propiciaram melhor informação e conhecimento a respeito das mesmas junto a população alvo, abrindo possibilidade de aceitabilidade como técnicas de cuidado e autocuidado; despertou atitudes pró ativas nos servidores para com suas condições de saúde. O envolvimento demonstrado pelos servidores durante as oficinas confirmou estas como espaço importante de escuta e de cuidado direto para e com o servidor público. As atividades grupais foram percebidas positivamente, em razão de representarem contextos favoráveis à produção de saúde, compartilhamento e participação social, assim como de fortalecimento da relação horizontal. O autocuidado através das PICS apresentou-se como uma estratégia de promoção em saúde de baixo custo e amplo alcance, sendo viável a sua manutenção dado a otimização de recursos existentes na própria Instituição pública, promovido através de parcerias entre setores e profissionais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As práticas de Tai Chi Chuan/Taijiquan, Chi Kung/Qi Gong, Meditação, Automassagem no seu escopo de intervenções terapêuticas são efetivas e eficazes agindo no alívio de dores e de tensões musculares; na amenização de emoções e sensações aflitivas como ansiedade, depressão, fobias, angústias e esgotamentos psicoemocionais; promovendo harmonia dos corpos físico, energético, mental e espiritual; estimulando a convivência social e promovendo a resiliência.
Entende-se que estudos e pesquisas brasileiras acerca das PICs tendem a crescer conforme se descrevam os êxitos dessas práticas na saúde pública. Os estudos qualitativos têm destaque por avaliarem as questões subjetivas resultantes da oferta desses serviços, tendo em vista que as PICs favorecem a saúde mental e despertam o autoconhecimento, favorecendo o autocuidado. Existem ainda muitas fragilidades na implementação das PICS no SUS por inúmeros motivos que não cabem serem mencionados nesta abordagem. Por esse motivo, os estudos na área de planejamento, implementação e gestão das PICs podem ser tendência para os próximos anos, apoiando o crescimento e a qualidade da oferta.
Este relato objetivou a reflexão da importância e também buscou motivar a implementação das PICS no processo de trabalho em saúde, tanto em benefício a população de usuários quanto ao servidor público. A diversidade das abordagens propiciada por estas intervenções ainda mais com acessibilidade através do Serviço Público, possibilitam a visão ampliada do processo de cuidar em saúde e a promoção global do cuidado humano e ambiental.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS: atitude de ampliação de acesso. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 96p.
BOFF, L. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. 13. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2014. 302p.
Telesi Junior E. Práticas integrativas e complementares em saúde, uma nova eficácia para o SUS. Estud. Av. [internet]2016 [acesso em 2022 set 10]; 30(86):99-112. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142016000100099
Neves RG, Pinho LB, Gonzáles RIC, et al. O conhecimento dos profissionais de saúde acerca do uso de terapias complementares no contexto da atenção básica. Rev. Pesqui. Cuid. Fundam. (Online) [internet]. 2012 [acesso em 2018 maio 15]; 4(3):2502-2509. Disponível em:https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/140124
Cecília Helena Glanzn, Agnes Olschowsky. A ambiência e sua influência no trabalho de equipes de saúde da família. Revista Saúde e Desenvolvimento Humano – ISSN 2317-8582 [internet]. 2017. [acesso em 2022 set 10] v. 5, n. 1, 2017. Disponível em: https://revistas.unilasalle.edu.br/index.php/saude_desenvolvimento . https://dx.doi.org/10.18316/sdh.v5i1.2880
Antonio Taumaturgo Sampaio Macêdo, Morgana Tavares Dantas Sousa, et al. Estresse Laboral em Profissionais da Saúde na Ambiência da Unidade de Terapia Intensiva. [internet]. 2019. [acessoem 2022 set 10]. Id on Line Rev. Mult.Psic. V.12, N. 42, p. 524-547, 2018 – ISSN 1981-1179 .Disponível em https://idonline.emnuvens.com.br/id. https://idonline.emnuvens.com.br/id/article/view/1350/0
QIU, J. et al. A nationwide survey of psychological distress among Chinese people in the COVID-19 epidemic: implications and policy recommendations. Gen Psychiatr, London, v. 33, n. 2, e100213, mar. 2020.
SILVA, Irene de J et al. Cuidado, autocuidado e cuidando de si: uma compreensão paradigmática para o cuidado de enfermagem. Rer. esc. Enferm. USP, São Paulo, v.43, n.03, p 697-703, set, 2009. Acesso nov 2022
https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/svsa/saude-do-trabalhador/pnst
https://observapics.fiocruz.br/mapa-de-evidencias-em-mtci-abrange-sindromes-respiratorias-e-saude-mental/ Acesso novembro 2022
https://scielosp.org/article/sdeb/2019.v43n123/1205-1218/Acesso novembro 2022
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/afastamentos-do-trabalho. Acesso novembro 2022
https://repositorio.unifesp.br/bitstream/handle/11600/60441/PRODUTO%20mestrado%20Ant%C3%B4nio%2002%2003%202021.pdf?sequence=5. Acesso novembro 2022
https://www.associacaoportuguesadereiki.com/praticas-integrativas-e-complementares-na-promocao-da-saude-de-servidores-publicos-federais-contribuicoes-da-terapia-reiki-estudo-academico/ Acesso novembro 2022
https://mtci.bvsalud.org/pt/mapas-de-evidencia-2/. Acesso novembro 2022
1) Este trabalho foi premiado na modalidade Banner Comentado/ Conexão Interpessoal via Redes – com 2º. Lugar em novembro de 2022. Sendo indicado a Etapa Estadual Mostra SUS/2022.
2) Autora, Ethna Thaise Unbehaun, é facilitadora de Tai Chi Chuan- Chi Kung – Meditação e Automassagem pela Escola San Zan Shugyo Do/ Grupo Wulin sob orientação da profa e Mestra Teresa Adada Sell. Servidora Pública na prefeitura Municipal de Blumenau atuando como Psicóloga na Atenção Primária.
E-mail: ethna@blumenau.gov.br/thaise21ethna@gmail.com.br
Fone (47) 3234.5636 WB(somente mensagens)/ 996526533 (Whastapp)
www.ethna-thaise.com
Palavras-chaves: Saúde do trabalhador – autocuidado – práticas integrativas – Medicina Tradicional Chinesa – Saúde Mental
*Está publicado no site Publicações – A Praça da Harmonia Universal – PHU.org